Nessa segunda fase da Blogagem Coletiva Fases da Vida devemos falar sobre infância, a nossa, a de algum ente querido... não importa, no fundo são considerações que cada um tem a seu modo.
Achei esse texto perfeito, pois ilustra realmente o que sinto ao pensar sobre o tema e peço só um pouquinho de paciência para lerem-no, já que é um pouquinho extenso, mas quero dividi-lo com vocês nesse dia.
Fica assim minha participação nessa 2ª Fase da Blogagem Coletiva!
No tempo da minha infância
(Ismael Gaião)
No tempo da minha infância
Nossa vida era normal
Nunca me foi proibido
Comer muito açúcar ou sal
Hoje tudo é diferente
Sempre alguém ensina a gente
Que comer tudo faz mal
Bebi leite ao natural
Da minha vaca Quitéria
E nunca fiquei de cama
Com uma doença séria
As crianças de hoje em dia
Não bebem como eu bebia
Pra não pegar bactéria
A barriga da miséria
Tirei com tranquilidade
Do pão com manteiga e queijo
Hoje só resta a saudade
A vida ficou sem graça
Não se pode comer massa
Por causa da obesidade
Eu comi ovo à vontade
Sem ter contra indicação
Pois o tal colesterol
Pra mim nunca foi vilão
Hoje a vida é uma loucura
Dizem que qualquer gordura
Nos mata do coração
Com a modernização
Quase tudo é proibido
Pois sempre tem uma Lei
Que nos deixa reprimido
Fazendo tudo que eu fiz
Hoje me sinto feliz
Só por ter sobrevivido
Eu nunca fui impedido
De poder me divertir
E nas casas dos amigos
Eu entrava sem pedir
Não se temia a galera
E naquele tempo era
Proibido proibir
Vi o meu pai dirigir
Numa total confiança
Sem apoio, sem air-bag
Sem cinto de segurança
E eu no banco de trás
Solto, igualzinho aos demais
Fazia a maior festança
No meu tempo de criança
Por ter sido reprovado
Ninguém ia ao psicólogo
Nem se ficava frustrado
Quando isso acontecia
A gente só repetia
Até que fosse aprovado
Não tinha superdotado
Nem a tal dislexia
E a hiperatividade
É coisa que não se via
Falta de concentração
Se curava com carão
E disso ninguém morria
Nesse tempo se bebia
Água vinda da torneira
De uma fonte natural
Ou até de uma mangueira
E essa água engarrafada
Que diz-se esterilizada
Nunca entrou na nossa feira
Para a gente era besteira
Ter perna ou braço engessado
Ter alguns dentes partidos
Ou um joelho arranhado
Papai guardava veneno
Em um armário pequeno
Sem chave e sem cadeado
Nunca fui envenenado
Com as tintas dos brinquedos
Remédios e detergentes
Se guardavam, sem segredos
E descalço, na areia
Eu joguei bola de meia
Rasgando as pontas dos dedos
Aboli todos os medos
Apostando umas carreiras
Em carros de rolimã
Sem usar cotoveleiras
Pra correr de bicicleta
Nunca usei, feito um atleta,
Capacete e joelheiras
Entre outras brincadeiras
Brinquei de Carrinho de Mão
Estátua, Jogo da Velha
Bola de Gude e Pião
De mocinhos e Cawboys
E até de super-heróis
Que vi na televisão
Eu cantei Cai, Cai Balão,
Palma é palma, Pé é pé
Gata Pintada, Esta Rua
Pai Francisco e De Marré
Também cantei Tororó
Brinquei de Escravos de Jó
E o Sapo não lava o pé
Com anzol e jereré
Muitas vezes fui pescar
E só saía do rio
Pra ir pra casa jantar
Peixe nenhum eu pagava
Mas os banhos que eu tomava
Dão prazer em recordar
Tomava banho de mar
Na estação do verão
Quando papai nos levava
Em cima de um caminhão
Não voltava bronzeado
Mas com o corpo queimado
Parecendo um camarão
Sem ter tanta evolução
O Playstation não havia
E nenhum jogo de vídeo
Naquele tempo existia
Não tinha vídeo cassete
Muito menos internet
Como se tem hoje em dia
O meu cachorro comia
O resto do nosso almoço
Não existia ração
Nem brinquedo feito osso
E para as pulgas matar
Nunca vi ninguém botar
Um colar no seu pescoço
E ele achava um colosso
Tomar banho de mangueira
Ou numa água bem fria
Debaixo duma torneira
E a gente fazia farra
Usando sabão em barra
Pra tirar sua sujeira
Fui feliz a vida inteira
Sem usar um celular
De manhã ia pra aula
Mas voltava pra almoçar
Mamãe não se preocupava
Pois sabia que eu chegava
Sem precisar avisar
Comecei a trabalhar
Com oito anos de idade
Pois o meu pai me mostrava
Que pra ter dignidade
O trabalho era importante
Pra não me ver adiante
Ir pra marginalidade
Mas hoje a sociedade
Essa visão não alcança
E proíbe qualquer pai
Dar trabalho a uma criança
Prefere ver nossos filhos
Vivendo fora dos trilhos
Num mundo sem esperança
A vida era bem mais mansa,
Com um pouco de insensatez.
Eu me lembro com detalhes
De tudo que a gente fez,
Por isso tenho saudade
E hoje sinto vontade
De ser criança outra vez...
Texto e foto:
http://culturanordestina.blogspot.com/2010/02/no-tempo-da-minha-infancia.html
26 comentários:
Relata muito bem a vida na nossa infância!!! Tudo era tão diferente!!!Muito lindo o texto.
Bjs
Só digo isso: GE-NI - AL a sua postagem. Eu amei!!! Bjbj!!!
Lindo texto Rachel,descreve bem a infância que tivemos e a infância de hoje. Perfeito. Parabéns. bjocas bom final de semana
Rachel,
Adorei o texto!
E realmente, antes não vivíamos preocupados com tantas coisas, que hoje é comum.
Não havia violência, não se ouvia falar em depressão, estresse....
ah, como tenho saudades daqueles bons tempos.....
beijos
Rachel,
Esse texto retrata muito bem as mudanças que ocorreram nas últimas décadas.
Você viveu tudo isso e eu também. Meu joelho tem uma marca até hoje. Falarei disso no dia 18, acompanhe.
Feliz de quem tem tanta coisa pra contar, não é mesmo?
Grata pela participação na coletiva!
Bom final de semana!
Minha querida Raquel
"Então ficaram todas as crianças a sua INFÂNCIA a passar seus anéis azuis de orvalho".
Que riqueza de post!!!
O autor consegue relatar uma infância feliz e equilibrada com harmonia no coração...
Me identifiquei muito com a vida que levamos hoje sem poder comer gordura... açúcar... com violência aos quatro canto...
Que definições distintas, em forma poética, da nossa infância feliz!!!
Hoje, o meu desejo de paz e alegria é para vcs que:
"...estendem o seu conceito
de vida,
e a veem na gota de orvalho".
(Lice)
Obrigada pela sua linda participação...
Orvalho do Céu é uma “Chuva de Néctar da Verdade”... ou Palavras de Deus...
É isso que lhe desejo nesse tempo que estamos entrando...
Uma Abençoada Semana Santa e uma Páscoa extremamente feliz!!!
Bjs de paz e achocolatados
postagem ÚNICA, maravilhosa. é pra se guardar. beijos e bom final de semana
Genial!!!! Muito bacana mesmo!!!!
Rachel querida,
que texto maravilhoso, viajei no tempo, realmente hoje tudo faz mal, tudo é proibido, com a evolução as coisas ficaram pior.
Parabéns pela belíssima postagem!
Tenha um ótimo fim de semana!
bjs,
Andréa..
Que lindo esses versos Rachel! E muito verdadeiros isso sim! Naquele tempo nosso de infancia, nada era pra fazer mal, muito pelo contrário, tudo fazia era muito bem!
Quando leio esses textos que retratam a vida dos tempos idos, fico pensando no que aconteceu com a gente, ou melhor, com as crianças de hoje em dia...
Acho que a diferença é que não éramos bombardeados com tantas informações. Saber demais, enfraquece, assusta.
Restam essas boas lembranças para quem viveu nos anos dourados !
BEijo
Quantas coisas legais as crianças de hoje perdem...
Rachel querida aceitei seu convite e vim conhecer seu cantinho que por sinal me encantou muito, adorei o nome, seu post é lindo e que mensagem maravilhosa e essa berinjela do post abaixo está de babar, parabéns estou levando seu link e te seguindo, bj♥kas e um ótimo fim de semana p/ vc, Ana, ;)...
Está demais!
Adorei o cordel.
Ai que saudades do tempo de criança!!!
Amei do principio ao fim.
Obrigada, muito obrigada por ter presenteado a coletiva com este magnifico texto.
Beijinhos,
Rute
Ola, Rachel!Vivíamos melhor neste tempo sem o tal stress. Adorei o texto!
Beijocas
Esse texto tem tudo a ver com minha infancia, brincar de roda, andar descalça, andar na chuva, tomar leite tirado na hora e tomar muitos banhos
no rio São Francisco... Bom demais! Fui muito feliz!
Rachel, amiga!! Quanto tempo!! Como você está? Lembro que logo que você começou no mundo dos blogs eu fui uma das primeiras a vir aqui no biroskinha!! Saudades! E esse texto, minha infância já veio numa cultura bem diferente mas também sinto saudade dela! Que lindo!
Quando puder, vem me visitar, tá!
Beijinhos
Carol
Tambem estou na blogagem coletiva fases da vida, infancia...da uma passadinha no meu post: http://anacristinap.blogspot.com/2011/04/blogagem-coletiva-fases-da-vida.html
Parabens pela postagem! bjo
Rachcel,
Eta tempo bom esse, hein?
Muito legal esse poema que retrata uma infância, realmente vivida.
Beijos
Olá, Rachel!
Que prazer vir aqui. Também participo da BCFV.
Adorei o poema, e vi muito da minha infância retratado nele. Muito interessante. Aprecio muito o cordel, talvez por ser nordestina.
Um GRANDE abraço
Socorro Melo
desculpe-me pelo atraso,mas com essa fantástica coletiva e interação,com sua postagem tão contudente saio com meu aprendizado em dia!
Obrigada pelo carinho da visita
Boas energias,paz,saúde,sucesso!
Mari
Outros tempos! Tempos bons!! Obrigada por partilhar o texto - crítico e doce ao mesmo tempo!! Beijus,
Amei!!!Muito bem retrato os tempos passados sem a modernidade,sem o progresso,mas também sem os riscos,com mais liberdade.Valeu a blogada.Bjs no coração!!
GOSTARIA DE DIVULGAR AQUI A PROMOÇÃO DE ANIVERSÁRIO DO MEU BLOG,QUE FEZ DOIS ANOS DIA 15.AOS AMIGOS QUE VISITAREM A PARTIR DESTA DATA AO DIA 30/04 ESTAREI SORTEANDO UM LIVRO A ESCOLHA DO GANHADOR,DENTRO DA TEMÁTICA DO SEU BLOG
Que lindo texto! Retrata também o tempo da minha infância. E como bem diz, as crianças tinham esperança, era uma vida sem violência, sem revolta, tudo era visto com tranquilidade. Não havia stress, nem depressão. Acho q a causa disso é q priorizávamos a amizade. Muita paz!
Parabéns! Arrebentou adorei essa fase de criança acho que todos nós já passamos por isso.
Também tenho um blog sobre emagrecimento http://www.vicentenet.com e gostaria de montar uma parceria como você.
se estiver interesse por gentileza entre em contato comigo pelo e-mail: vicente_rodriguez75@hotmail.com
Sucesso!
Muito bom! adorei essa dica acho que todos nós já passamos por essa fase.
Seu site tá muito bacana. Também Tenho um blog sobre Emagrecimento http://www.vicentenet.com e gostaria de montar uma parceria. Caso tenha algum interesse entre em contato pelo e-mail: vicente_rodriguez75@hotmail.com
Desejo-lhe Sucesso.
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